As mulheres em Istambul

Minha maior preocupação antes de chegarmos à Turquia era com as roupas que eu usaria. Já sabia que o país era uma miscelânea de culturas e que há muita tolerância com os hábitos ocidentais, mas não deixa de ser um país de maioria mulçumana, com uma mesquita em cada esquina.

Como não tive muito tempo para cuidar dos preparativos da viagem em razão do casamento e com o limite de 20kg para as bagagens nos voos, acabei não preparando uma mala descente e estamos contando com lavanderias para podermos ter roupas para mais de 30 dias de viagem e adaptadas aos mais diferentes climas (de 15 graus em Londres a 32 em Istambul).

Tenho observado que a maioria das turistas evita usar roupas acima do joelho ou decotadas. Algumas não estão nem ai e vestem shorts e saias curtinhas. Já a maioria das turcas usa uma espécie de vestido longo de mangas compridas por cima de outras roupas (normalmente calças e camisas) e cobrem a cabeça com lenços.

Nesse calor, dá dó de ver. Elas ficam muito elegantes, mas é uma roupa muito inadequada ao clima. Como ainda não sabia o que vestir, hoje coloquei uma calça jeans e uma blusa mais fechada e suei sem parar. Fiquei imaginando como seria ter ainda mais um vestido por cima de toda a roupa e a cabeça coberta por um lenço. Para entrar na mesquita, tive de colocar o lenço e deu para perceber que um simples acessório contribui ainda mais com o calor.

Não vemos mulheres trabalhando em canto algum. Nesses dois dias, só vimos três que trabalhavam: duas camareiras no hotel e uma caixa em uma lojinha de rua. Todo o restante do comércio e dos serviços é prestado por homens. Vendedores, garçons, recepcionistas de hotel: todos homens. Mais do que a vestimenta, isso é o que nos causa maior estranheza. Disse para o Ramon que isso é a causa de tanta desorganização nas ruas: falta mulher para colocar ordem no barraco!